Um dos grandes problemas que envolvem o setor da reciclagem de óleo vegetal usado é a proliferação de circuitos informais de coleta de óleo que levam a um mercado clandestino que refina e embala o produto usado para ser vendido como novo para consumo humano.O problema do óleo vegetal pirata é grave no Brasil.
Para o diretor da Ambiental Santos, Vitor Dalcin, explica que a prática, além de criminosa, é extremamente perigosa: “Ao passar pelo processo de fritura, o óleo vegetal muda sua composição e esses componentes passam a ser prejudiciais à saúde humana. Não são nem empresas autorizadas para este tipo de comercialização e não se importam com a saúde das pessoas”.
Quadrilhas mantém o ciclo do óleo pirata
Quando o óleo usado cai nas mãos destas quadrilhas, as chances do óleo sujo – muitas vezes contaminado até com detergente usado para lavar as panelas em que a fritura original aconteceu – irem para prateleiras de comércios pequenos, são altas.
Além deste óleo pirata, as quadrilhas utilizam o expediente de misturar este óleo contaminado com azeite de oliva, que está na mira de diversas operações.
Recentemente, o governo federal doou para o Hospital Pequeno Cotolengo, de Curitiba, mais de 2 mil litros de azeite de oliva fraudados, apreendidos durante fiscalização do Ministério da Agricultura em dezembro de 2021, e seu destino agora será a reciclagem de biodiesel.
A operação retirou 4,2 mil embalagens de azeite de oliva falsificado das prateleiras dos supermercados, atacadistas e distribuidores localizados especificamente no estado do Paraná:
“A presença de outros óleos vegetais descaracteriza o produto como azeite de oliva e é outra frente dos fraudadores para comercializar produtos falsificados. Por ser impróprio para o consumo humano, justamente pela origem desconhecida dos ingredientes, a reciclagem é o caminho ecologicamente correto que, nesta situação, é o uso para fins industriais”.
A empresa que sofreu a apreensão foi autuada em processo administrativo, com aplicação de multa e o envolvimento do Ministério Público para outras apurações.
Atenção do consumidor é chave para quebrar o ciclo do óleo pirata
Vitor lembra que todo cuidado é pouco. O consumidor de azeite de oliva nem imagina que este produto, que possui inúmeros benefícios para a saúde, pode ser perigoso:
“É recomendado comprar marcas conhecidas, desconfiar de embalagens muito baratas ou com aparência suspeita. O consumidor, além de estar pagando por um produto falsificado, está colocando a saúde dele e de sua família em risco”.
Reciclagem com empresas sérias: a única solução
Para evitar que esta cadeia da falsificação do óleo continue, Vitor lembra da importância de destinar o óleo usado para reciclagem e correta destinação, uma vez que quase a totalidade do material usado para criar produtos piratas tem origem da coleta irregular.
O óleo usado que seu vizinho vendeu para um carro que passou aleatoriamente pela rua, com sistema de som anunciando que está comprando óleo, é o mesmo que pode encorpar azeite de oliva pirata:
“Você pode estar colocando na pizza hoje o mesmo óleo que fritou peixe ontem. Todo cidadão tem como fazer sua parte no combate ao óleo pirata, bastando destinar corretamente o óleo através de empresas certificadas e devidamente autorizadas” completa.