O óleo vegetal é um produto com ciclo completo com início, meio e fim. Em cada uma destas etapas fica evidente que o mercado pode se beneficiar do óleo em diferentes níveis, mesmo após fechar o ciclo inicial no setor de alimentos. Quando o óleo vegetal alcança seu fim como produto base nas cozinhas, surge um novo ciclo – agora no setor industrial – que não pode ser ignorado.
O óleo vegetal usado pode ser o futuro na produção de componentes tecnológicos, como no grafeno, material extremamente fino, flexível, forte e com uma condutividade acima da média.
O grafeno é um dos materiais-chave no desenvolvimento da sociedade tecnológica com aplicações que vão desde eletrônicos miniaturizados até dispositivos biomédicos personalizados, contemplando computadores, painéis solares, baterias, sensores e celulares cada vez mais finos:
“Já está provado que o grafeno é um dos materiais mais interessantes para o futuro da tecnologia e o grande desafio é baratear sua produção. É neste contexto que o óleo vegetal ganha protagonismo” explica Vitor Dalcin, diretor da Ambiental Santos “Quanto mais óleo usado for destinado para a reciclagem, maior será a quantidade de matéria-prima para a indústria.”
Como o óleo usado impacta na produção do grafeno
Por ser produzido em ambientes altamente controlados com gases comprimidos que são explosivos, a produção do grafeno precisa de longas horas de operação em altas temperaturas e processamento a vácuo. Atualmente, o investimento ainda é alto para manter estas condições de temperatura e pressão.
O papel do óleo vegetal e o desafio de baratear a produção do grafeno começou a ganhar forma após a divulgação de uma pesquisa de cientistas na Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (CSIRO) , na Austrália, que desenvolveram tecnologia para produzir grafeno chamada “GraphAir”, muito mais rápida e fácil.
“Os cientistas conseguiram criar grafeno eliminando a necessidade de um ambiente altamente controlado. É possível criar grafeno ao ar livre utilizando óleo de soja comum usado. O processo de fabricação de grafeno passará a ser rápido, simples, seguro e potencialmente escalável ”
A técnica consiste em transformar o óleo de soja, um material renovável e natural, em filmes de grafeno em uma única etapa. Com o calor, o óleo de soja se decompõe em uma série de unidades de construção de carbono essenciais para a síntese do grafeno.
“Este é um avanço que aumenta o leque de possibilidades do óleo usado que seria descartado e transformá-lo em algo útil. Como a tecnologia pede soluções e o grafeno pode substituir diversos elementos que seriam extraídos da natureza, é mais um motivo para que todos reciclem óleo vegetal” conclui.