A Indonésia está na vanguarda do uso de biodiesel, com os testes do B40 para o setor ferroviário. Essa nova mistura, que contém 40% de biodiesel, já está em uso no trecho entre a capital, Jacarta, e Yogyakarta, separadas por mais de 425 km. Até dezembro, as locomotivas que utilizam essa mistura passarão por mais de 1.200 horas de operação contínua para testar sua real capacidade.
Para Vitor Dalcin, diretor da Ambiental Santos, a notícia é um claro indicativo de que os países estão avançando em misturas mais complexas de combustível. Ele destaca que adições maiores de biodiesel ao óleo diesel fazem parte de um processo contínuo:
“A Indonésia chegou agora ao B40, mas desde 2021 já vem adotando a mistura B30, que leva 30% de teor de biodiesel, principalmente pela quantidade de óleo de palma produzido no país. Na prática, essa mudança traz maior qualidade tanto no uso do biodiesel quanto de produtos derivados do petróleo.”
Brasil Pode Seguir o Mesmo Caminho
Diferente da Indonésia, que basicamente depende do óleo de palma, o Brasil se destaca pela diversidade de óleos vegetais produzidos. O óleo de soja, por exemplo, é o líder na preferência nacional. Essa diversidade de matrizes cria as condições ideais para a produção de biocombustíveis em larga escala no Brasil, que atingiu um marco histórico no ano passado.
Somando etanol e biodiesel, o Brasil alcançou a marca de 43 bilhões de litros de combustíveis produzidos, conforme descrito no Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2024, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“Temos totais condições de seguir bem posicionados não apenas pela diversificação de fontes de energia renováveis, mas pelo volume de óleo usado que pode ser destinado para esse fim. O Brasil está na liderança tanto na produção quanto no uso de biocombustíveis, então o próximo passo é aumentar o volume de óleo usado como base desta produção,” afirma Vitor Dalcin.
Reciclagem de Óleo Vegetal: Um Ciclo Sustentável
Para Vitor Dalcin, a reciclagem de óleo vegetal usado amplia o tempo de vida do material e promove um ciclo sustentável. O óleo, após seu uso na indústria de alimentos, é destinado para a produção de combustíveis, contribuindo em dois setores diferentes. Além de evitar o descarte em aterros, a reciclagem ajuda a reduzir emissões de gases que impactam o efeito estufa.
Ele reforça a importância da conscientização e políticas públicas de incentivo:
“Os ganhos com a reciclagem são enormes, mas é preciso que restaurantes, bares e outras empresas que utilizam óleo vegetal mantenham a reciclagem constantemente, além de contar com políticas públicas de incentivo.”