Segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, Epagri, a pesca artesanal é a principal fonte para o sustento de mais de 3 mil famílias somente em Florianópolis e essas são apenas algumas das vítimas da contaminação de óleo no litoral catarinense.
Nas praias, acidentes envolvendo derramamento de óleo são um grave problema ambiental que trazem danos significativos à vida marinha e ao ecossistema. Dentre os incidentes mais comuns com óleo figuram vazamentos de acidentes industriais, navios e vazamentos de oleodutos, que geralmente são com óleo mineral, mas o óleo de origem vegetal também entra nesta equação.
Vitor Dalcin, Diretor da Ambiental Santos, lembra que o impacto social destes incidentes afetam atividades turísticas e de pesca, e quem perde é a economia local:
“Peixes e camarões sujos com óleo não possuem apelo comercial, e mais, nem podem ser comercializados. Famílias inteiras acabam prejudicadas quando há qualquer tipo de poluição no mar, afetando suas fontes de renda e o turismo. Qual restaurante vai adquirir peixes contaminados? Os peixes que não forem contaminados serão vendidos a qual preço?” argumenta o especialista.
Vitor explica que qualquer óleo derramado, de origem mineral, vegetal ou animal, independente da sua composição e toxicidade, vai causa estragos em diversas frentes nas cidades litorâneas:
“Temos os impactos físicos, quando o óleo atinge qualquer organismo marinho a ponto de impedir sua respiração e locomoção. O óleo vegetal despejado nas tubulações alcança o litoral e causa tanto impacto quanto aqueles de outras origens. Para animais como peixes, aves, tartarugas e crustáceos, isso representa a morte”.
Há ainda os problemas químicos causados pelos compostos tóxicos presentes nos óleos que causam danos aos organismos marinhos, independente da concentração. O impacto no longo prazo está nos danos ao DNA, sistema nervoso e ao sistema imunológico desses animais marinhos.
Praias sujas complementam o ciclo de destruição do óleo. O volume de óleo despejado nas tubulações é tão grande que em breve pode contaminar as areias do litoral e esse descarte incorreto passa a ser um perigo também para quem vai para as praias.
“Quando despejado na pia, o óleo se mistura com outros elementos e se solidifica, formando uma camada que vai entupir tubulações de esgoto e os problemas deixam de ser exclusivos das praias e alcança a cidade. Alagamentos, tubulações que estouram, infestação de insetos e contaminação do solo são mais alguns problemas que o óleo traz” alerta Vitor.
Descarte correto para um verão saudável
O descarte correto do óleo de cozinha precisa acontecer por meio de empresa séria, com experiência no setor e com todas as licenças oficiais para operar. Basta que bares, restaurantes e moradores separem o óleo em garrafas PET e levem até pontos de coleta oficiais.
“Esta reciclagem do óleo de cozinha é a única opção sustentável. Além de retirar de circulação algo que vai prejudicar a todos, a reciclagem serve para dar o destino correto do óleo, geralmente indústrias químicas que reaproveitam o óleo” conclui.